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Peso de sementes de gramíneas tropicais usadas como pastagens: variações, causas e efeitos

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O peso é uma das características de grande importância agronômica e econômica de sementes. Suas relações com o crescimento inicial da plântula e com o vigor da semente são determinantes da profundidade ideal de plantio. Quando levado em consideração no cálculo de taxas de semeadura de lotes comerciais de gramíneas forrageiras, por exemplo, aumentam as chances de sucesso do estabelecimento da cultura. Frequentemente é quantificado em termos de peso unitário, de peso de 1.000 unidades ou de número de unidades por grama.

Essa característica é geneticamente determinada e, por isso, varia dentro limites específicos para cada espécie e cultivar. Dentro desses limites, varia em função de efeitos combinados de fatores como local da produção das sementes, das condições climáticas ali predominantes, dos tratos culturais e dos métodos e procedimentos de colheita, de beneficiamento, de tratamentos químicos (etc.) empregados na produção.

Essa é a razão pela qual varia entre lotes de diferentes safras, procedência, produtores, empresas comerciais, etc. O peso é maior quando as sementes são produzidas em anos e locais onde prevalecem dias ensolarados, ausências de ventos e de chuvas excessivas e de ataques de pragas e doenças, e níveis adequados de fertilidade e de disponibilidade de água no solo.

Variações de peso são especialmente notórias entre lotes de sementes de espécies e cultivares de gramíneas tropicais usadas como pastagens (Tabela 1). Isso ocorre porque plantas de várias das espécies e cultivares desse grupo caracterizam-se pelo período prolongado de emissão de inflorescências. Em consequência, também são longos os períodos de antese, de maturação e de degrana (separação natural da inflorescência e queda) das sementes.

Assim, a fase reprodutiva de culturas desse grupo de plantas pode se estender por vários dias ou, até mesmo, semanas. Nesses casos, em qualquer momento desta fase podem ser encontradas sementes em diversos estágios de desenvolvimento. Esse fato explica as significativas variações de peso das sementes associadas a métodos usados para sua colheita.

Tabela 1. Número de sementes puras a(não revestidas ou tratadas) por grama de lotes                             comerciais de algumas espécies e cultivares de gramíneas forrageiras tropicais                         cultivadas no Brasil.

a Sementes de diferentes safras e procedências, b colhidas pelo “método da colheitadeira automotriz” e c pelo “método da palha”; as demais, colhidas pelo “método da varredura”.   

Dentre os métodos mais utilizados, o da varredura resulta em sementes mais pesadas, pois ao ser empregado após a conclusão do ciclo reprodutivo das plantas, coleta sementes que, em sua maior parte, tiveram oportunidade de completar a maturação antes de se desprenderem da inflorescência, caírem e se acumularem sobre a superfície do solo. Por outro lado, sementes resultantes de métodos que colhem as sementes diretamente das inflorescências (exemplo: método da colheitadeira automotriz) são mais leves, pois são colhidas independentemente do grau de maturação.

E há efeitos até mesmo do modo como esses métodos são empregados. Por exemplo: o peso é menor quando a colheita é feita precocemente com colheitadeira automotriz ou quando as plantas são prematuramente dessecadas em antecipação à colheita pelo método da palha. Também a forma de regulagens dos equipamentos tem efeitos sobre o peso médio das sementes colhidas. Por exemplo, colhedeiras automotrizes operadas com o cilindro trilhador muito próximo do côncavo e/ou operado a altas velocidades de rotação removem maior proporção de sementes imaturas das inflorescências, resultando em lotes com sementes mais leves.

Por essas e outras razões, lotes de sementes brutas de uma determinada cultivar, produzidos sob diferentes circunstâncias, diferem entre si quanto à proporção de sementes imaturas, de menor peso. E esse fato tem importantes implicações comerciais e agronômicas.

Há que se considerar que, em se tratando de espécies e de cultivares de gramíneas forrageiras, de acordo com as Regras para Análise de Sementes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Brasil, 2009), na análise de pureza física feita em laboratório – além das espiguetas contendo uma cariopse completamente formada (madura) – também aquelas contendo cariopses imaturas são consideradas ‘sementes puras’, enquanto as espiguetas vazias (‘sementes chochas’) são consideradas impurezas.

Para fins comerciais as proporções nos lotes dessas frações (espiguetas vazias e cariopses mal formadas) e de impurezas diversas (solo, torrões, talos, etc.), podem ser reduzidas por meio de beneficiamento. Essa operação permite aumentar a pureza física para níveis necessários ou desejáveis para torna-los comercializáveis e, ao mesmo tempo, reduzir a proporção de sementes imaturas neles contidas. Como resultado, pode haver também aumento do peso médio das suas sementes.

Entre as espécies desse grupo as sementes maduras pouco diferem quanto às dimensões e, na maioria dos casos, também quanto à cor, das espiguetas vazias ou contendo cariopse imatura. O que as diferencia é o peso; as maduras são mais pesadas. Por esse motivo o beneficiamento requer equipamentos que promovam a separação das sementes com base em peso ou densidade, tal como o fazem os ‘separadores pneumáticos’ e, em especial, as ‘mesas densimétricas’. O uso correto desses equipamentos permite diminuir a fração de sementes imaturas (além de outras impurezas), desse modo elevando o peso médio das sementes restantes.

O peso pode ainda ser aumentado por certos tratamentos químicos e revestimentos e diminuído por secagem (que reduz seu teor de água) e técnicas de escarificação (química ou mecânica) que corroem suas glumas e glumelas. As empresas comerciais diferem entre si quanto às técnicas utilizadas. Ademais, alterações de peso ocorrem como resultado da absorção ou da perda de água pela semente para a atmosfera do local onde são armazenadas se estiverem embaladas em embalagens porosas.

Informações complementares sobre este tema podem ser encontradas em: 
BRASIL. Análise de pureza. In: Brasil. Regras para análise de sementes. Ministério da                   Agricultura, Pecuária e Abastecimento/SDA. Brasília. Capítulo 2, p.91-133. 2009.
       ISBN 978-85-99851-70-8
HOPKINSON, J.M.; ENGLISH, B.H. Variation in quality and performance of stored seed of               green panic (Panicum maximum) attributable to the events of the harvest period.                  Tropical Grasslands, v.38, p.88–99, 2004.
SOUZA, F.H.D. Produção de sementes para pastagens tropicais e subtropicais. In: Reis, R.A.;          Bernardes, T.F.; Siqueira, G.Z. (eds.) Forragicultura: ciência, tecnologia e gestão dos                  recursos forrageiros. 1ª ed., Jaboticabal: UNESP. Capítulo 24, p.367-380, 2013.
        ISBN 978-85-88805-40-8
SOUZA, F.H.D.; RAYMAN, P. R. O emprego de colheitadeiras automotrizes na colheita de         sementes de plantas forrageiras tropicais. Campo Grande (MS): Embrapa Gado de              Corte. Circular Técnica, 6. 25p. 1988. ISSN 01007750.

Esse texto pode ser citado da seguinte forma:
SOUZA, F.H.D. Peso de sementes de gramíneas forrageiras tropicais: variações e suas                       causas. Disponível em www.progreseed.com.br. Consultado em dia/mês/ano.

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