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Nitrogênio, florescimento e manejo de campos de produção de sementes de gramíneas forrageiras tropicais.

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A especial relevância do nitrogênio (N) para a produção de sementes de gramíneas forrageiras tropicais é fato agronomicamente reconhecido e cientificamente comprovado. No entanto, o alcance dos benefícios proporcionáveis por esse nutriente depende da forma como são feitas as adubações nitrogenadas. Isso se deve à ação do N sobre a expressão de duas características principais, únicas de cada cultivar; são elas: época do florescimento e potencial de acúmulo de massa vegetal.

A exata natureza do estímulo ao florescimento das plantas de várias espécies e cultivares desse grupo e sua interação com fatores ambientais não foi ainda cientificamente esclarecida. O esclarecimento faltante contribuiria para aumentar o grau de previsibilidade do comportamento reprodutivos dessas plantas. Entretanto, o cultivo comercial tem mostrado que muitas dessas cultivares se comportam de modo razoavelmente previsível, ainda que sujeito a variações associadas a localização geográfica (latitude) do campo de produção, a condições climáticas e práticas de manejo agronômico locais.

Têm-se observado que nas plantas desse grupo o florescimento (i.e., emissão de inflorescências ou de ‘cachos’, como são popularmente chamadas) ocorre em ciclos, ou seja, em períodos denominados ‘floradas’ ou ‘cacheações’. Entre as cultivares atualmente disponíveis no Brasil, algumas produzem um único ciclo no outono (exemplos: Urochloa (syn. Brachiaria) ruziziensis ‘comum’, U. brizantha cv. Xaraés e Megathyrsus maximus (syn. Panicum maximum) cvs. Tamani e Mombaça) e outras, no verão (exemplos: U. humidicola ‘comum’ e cv. Tupi); M. maximus cv. Massai se diferencia por produzir vários ciclos a partir do início do outono.

Outro grupo é formado por cultivares cujas plantas, no verão, produzem dois ou três ciclos consecutivos e parcialmente sobrepostos, ou seja, aquelas nas quais novas inflorescência emergem antes da conclusão da maturação das sementes nas inflorescências oriundas do ciclo anterior. Essa característica é pouco evidente em áreas de solo muito fértil, onde as plantas são mantidas sob condições de livre crescimento ou em pastagens, mas pode ser identificada por meio de observações cuidadosas em campos plantados e manejados para fins de produção de sementes. A este grupo pertencem, por exemplo, U. brizantha cvs. Marandu, Piatã, Paiaguás, U. decumbens cv. Basilisk e M. maximus cv. Quênia.

Esses campos podem ser plantados na primavera, no verão ou no outono e podem ou não ser submetidos a corte de uniformização e adubação na primavera ou no verão seguinte, em antecipação à colheita. Essas alternativas são escolhidas com base em características da cultivar plantada e nas disponibilidades locais de infraestrutura, de equipamentos e de mão-de-obra.

Corte de uniformização das plantas ou plantios tardios podem ser necessários nos casos de cultivares que apresentam grande potencial de acúmulo de massa vegetal. Dessas, são exemplos: M. maximus cvs. Mombaça e Zuri e U. brizantha cv. Xaraés. Quando excessivo, esse acúmulo inibe a produção de sementes, favorece o acamamento das plantas e dificulta a colheita.

Plantios tardios contribuem à solução desse problema pelo fato de reduzirem o período de acúmulo de massa vegetal; quando feitos 100 – 120 dias antes da época prevista para o florescimento, a depender da cultivar e sob condições satisfatórias de clima e de fertilidade do solo, haverá tempo para o desenvolvimento satisfatório das plantas, sem prejuízos à produção de sementes.

Por sua vez, a contribuição do corte de uniformização depende de alguns pré-requisitos. São eles: época da sua realização, remoção da massa vegetal cortada e adubação nitrogenada. Na primavera ou no verão (a depender da cultivar, de clima e de fertilidade do solo), quando feito 100 – 120 dias antes da época provável de florescimento, o corte contribuirá à produção de sementes se a massa vegetal cortada for logo removida do local, a tempo de não inibir (por sombreamento) o desenvolvimento das gemas vegetativas localizadas nas bases das touceiras remanescentes após o corte.

Lavouras resultantes de plantios outonais destinados à colheita no verão seguinte podem ser particularmente beneficiados se submetidos a esse manejo agronômico na primavera, ou no verão seguinte quando a colheita é prevista para o outono. Alternativamente, em substituição ao corte e remoção da massa vegetal cortada, essas áreas podem ser pastejadas também até 100 – 120 dias antes da época prevista para o florescimento a qual é característica de cada cultivar. Em campos programados para produzir sementes por vários anos, como por exemplo os de U. humidicola ‘comum’, essa prática é frequente.

Os efeitos dessas operações são potencializados por aplicação de adubo nitrogenado em imediata sucessão às etapas anteriores.

Esse conjunto de práticas resulta na eliminação (pelo corte) a dominância apical exercida pelos perfilhos velhos sobre as gemas basais e as expõe à radiação luminosa assim estimulado seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo favorece (pelo N aplicado) a indução floral dos perfilhos jovens resultantes do desenvolvimento dessas gemas. O resultado é o aumento da densidade (nº/m²) de inflorescências, que é nada menos que o principal componente da produção de sementes nesse grupo de espécies.

O impacto sobre a produtividade é consequente.

Mais sobre esse tema pode ser encontrado em:
LOCH, D.S.; COOK, B.G.; HARVEY, G.L. Location of seed crops: grasses. In: Loch, D.S.; Ferguson, J.E. (eds.)              Forage Seed Production. 2. Tropical and Subtropical Species. CABI Publishing, Wallingford – UK.             Cap. 9. p.113-128. 1999.
LOCH, D.S.; AVILÉS, L.R.; HARVEY, G.L. Crop management: grasses. In: Loch, D.S.;
        Ferguson, J.E. (eds.) Forage Seed Production. 2. Tropical and Subtropical Species.                CABI Publishing, Wallingford – UK. Cap. 9. p.159-176. 1999.

Esse texto pode ser citado da seguinte forma:
SOUZA, F.H.D. Nitrogênio, florescimento e manejo de campos de produção de sementes               de gramíneas forrageiras tropicais. Disponível em: https://progreseed.com.br/                             nitrogenio-florescimento-e-manejo-de-campos-de-producao-de-sementes-
         de-gramineas-forrageiras-tropicais/ Acessado em dia/mês/ano.

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